Literatura de Cordel é uma modalidade impressa de poesia,
original do Nordeste do Brasil, que já foi muito estigmatizada, mas hoje em dia
é bem aceita e respeitada, tendo, inclusive, uma Academia Brasileira de
Literatura de Cordel. Devido ao linguajar despreocupado, regionalizado e
informal utilizado para a composição dos textos essa modalidade de literatura
nem sempre foi respeitada, e já houve até quem declarasse a morte do cordel,
mas ainda não foi dessa vez.
Os temas são os mais variados, indo desde narrativas
tradicionais transmitidas pelo povo oralmente até aventuras, histórias de amor,
humor, ficção, e o folheto de caráter jornalístico, que conta um fato isolado,
muitas vezes um boato, modificando-o para torná-lo divertido. Ao mesmo tempo em
que falam de temas religiosos, também falam de temas profanos. Escrevem de
maneira jocosa, mas por vezes retratam realidades desesperadoras.Os cordéis não
tem a característica de serem impessoais ou imparciais, pelo contrário, na
maioria das vezes usam várias técnicas de persuasão e convencimento para que o
leitor acate a idéia proposta.
Ai! Se sêsse!…
Autor: Zé da Luz
Se um dia nós se
gostasse;
Se um dia nós se
queresse;
Se nós dois se
impariásse,
Se juntinho nós dois
vivesse!
Se juntinho nós dois
morasse
Se juntinho nós dois
drumisse;
Se juntinho nós dois
morresse!
Se pro céu nós
assubisse?
Mas porém, se
acontecesse
qui São Pêdo não
abrisse
as portas do céu e
fosse,
te dizê quarqué
toulíce?
E se eu me
arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me
arrezorvesse
e a minha faca
puxasse,
e o buxo do céu
furasse?…
Tarvez qui nós dois
ficasse
tarvez qui nós dois
caísse
e o céu furado
arriasse
e as virge tôdas
fugisse!!!
Jâmile Lopes
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